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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PARÁBOLA SOBRE ANA MARIA JAVOUHEY


Vida e Obra de uma grande Missionária

              Quero contar-vos uma parábola que resume todas as intuições e toda a espiritualidade de Ana Maria Javouhey.

              Era uma árvore forte e robusta colhida na floresta, ali estava estendida no chão, à espera de ser utilizara. Tinham-lhe cortado os ramos e as folhas e tudo o que nela era sem préstimo. Só ficara o tronco, na sua imponente solidez. Era madeira de primeira, das que se utilizam para as obras de arte.

O Senhor estava ali, ao seu lado, comovido com aquela robustez, fixando-a com o olhar iluminado, a sonhar tanta coisa para aquele tronco. De repente, teve uma ideia: perguntar à árvore que é que gostaria que Ele fizesse dela.

A árvore, após um momento de reflexão, não escondeu o seu entusiasmo:
- Gostaria que fizesses de mim uma porta: a porta principal da tua igreja, por onde os homens passassem para ir ter contigo. Uma porta que se fechasse para te guardar e se abrisse para os acolher. Uma porta aberta por onde todos pudessem entrar... Ou então, uma janela de estilo. Uma janela com vidros claros, transparentes, por exemplo, a janela do tabernáculo, a guardar a tua presença, sem a esconder. Ao verem janela tão preciosa, os homens odorar-te-iam com fé e deslumbramento .

O Senhor escutava com atenção, a pensar na porta da sua igreja e na janela do seu tabernáculo, mas não parecia entusiasmado com a ideia…
A árvore percebeu o pouco entusiasmo do Senhor e envergonhou-se da sua mania das grandezas. E fez uma sugestão mais modesta:
- Talvez fosse melhor ser uma mesa. Uma mesa sólida a volta da qual os homens pudessem sentar-se e celebrar a fraternidade. A mesa redonda de uma comunidade, ou talvez o altar da comunhão.

Mas talvez estivesse ainda a pedir muito, a dar-se importância demais. Talvez bastasse ser simplesmente um banco à sombra de qualquer árvore, onde qualquer peregrino pudesse encontrar um pouco de descanso e de alívio para prosseguir a viagem.

Mas o Senhor continuava pouco convencido, a sonhar com o que aquele tronco poderia ser. Uma árvore como aquela não se encontrava facilmente: era preciso mesmo escolher o melhor para ela.

E então aproximou-se um pouco mais do tronco e fez-lhe uma proposta:
- Sim, uma porta, uma janela, uma mesa, um banco, eram móveis preciosos e úteis para as pessoas estarem comigo. Mas, apesar disso, se queres que eu te de o melhor que tu poderias ser para os homens, sabes o que te proporia?

A árvore estava curiosa por saber. Que melhor serviço poderia ela prestar que ser porta, janela, mesa ou banco?

- Vais ficar surpreendida - disse o Senhor - talvez desiludida, mas mesmo assim vou-to dizer. Olha, deixa-me fazer de ti lenha para queimar. Seres lenha para arder. Transformada em fogo, dura e resistente como és, tu darias durante muito tempo, luz e calor, pois é disso que os homens mais precisam. Sendo calor e chama, tu te consumirás a ti mesmo até te tornares cinza que o vento levará, mas o teu calor e a tua luz não haverá vento que a leve.
Ser mesa, porta, janela ou banco, significa muito para os outros mas talvez signifique ainda mais para ti: tu sentir-te-ás compensada e admirada. Mas a madeira de arder, dá-se toda, não guarda nada para si, toda se transforma em calor e alegria para os outros. Que coisa melhor para uma árvore tão bela e tão forte como tu?

Ana Maria Javouhey foi porta, janela, mesa e banco para tantos e tantas. Mas foi, sobretudo, madeira de arder, uma chama que arde há 200 anos sem se extinguir e sempre a aquecer e a iluminar. Benditos sois vós, Irmãs de S. José de Cluny, Associados, alunos, e educadores, por Deus vos ter dado uma tal fundadora.

Padre Adélio Torres Neiva, Braga - 14 Julho 2001

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