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domingo, 28 de novembro de 2010

CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE ADVENTO 2010

CEIA COM CALOR - sem abrigo da Cidade de Aveiro


“Acho bem que haja isto para a gente que anda fora de casa. Ando fora de portas e isto ajuda-me muito”, afirma Francisco Maia. «Isto» é a Ceia com calor, que há um ano, todas as noites, os voluntários das Florinhas do Vouga levam aos sem-abrigo da cidade de Aveiro. Francisco Maia, 27 anos, de Matosinhos, toxicodependente, conhece outras noites e outras instituições. “No Porto também há ajuda, mas é mais calma, mais parada”, diz quem anda há 12 anos na rua, entre a heroína e a cocaína. Das Florinhas do Vouga recebe o chá ou leite quente, o bolo e algo mais. “Tenho vontade de sair da rua e as Florinhas arranjaram-me uma instituição. Quero curar-me para estar com as minhas duas filhas, que vivem com a mãe e a avó”. Na próxima semana, deverá entrar numa casa de recuperação de toxicodependentes, em Valongo, conforme revela ao Correio do Vouga. Armando Cruz tem igualmente boas impressões das Florinhas do Vouga: “Tudo o que podem fazer para nos ajudar fazem”. “Arranjam actividades para a gente se distrair”. Ex-toxicodependente e desempregado, o jovem de Vagos recebe ajuda ao nível da alimentação, não só na nocturna Ceia com calor, mas também na Cozinha Social, que funciona no Bairro de Santiago. Os voluntários “não têm complexos em relação à vida que levamos”, diz. Alfredo Verdade vem todos os dias ao Rossio. Empregado na Junta de Freguesia de Esgueira, considera a Ceia com Calor e a instituição que a promove algo “a 100 por cento”. Estes são apenas três dos mais de trinta testemunhos possíveis dos destinatários da Ceia com Calor que cerca de uma centena de voluntários leva todas as noites aos sem-abrigo de Aveiro. Voluntários e sem-abrigo juntaram-se num jantar, animado pela Tuna Universitária Magna Cartola, no Rossio, na noite do dia 5 de Dezembro. Comemorava-se, por antecipação, o primeiro aniversário da iniciativa (a primeira Ceia com Calor foi na noite de 8 de Dezembro de 2007). Padre João Gonçalves, presidente da direcção das Florinhas do Vouga, faz um balanço da actividade: “Altamente positivo. As pessoas que nos procuram precisam mesmo. Precisam de algo para comer e precisam de ser ouvidas. Conseguimos ganhar confiança e com isso muitos têm aceitado ser encaminhados para processos de atendimento”. Aos voluntários, agradecendo-lhes a colaboração, afirma: “Sabemos que há pessoas que vivem em condições muito desagradáveis. Vamos para as nossas casas quentes e sabemos onde ficam. Queremos que este calor passe para o coração destas pessoas. A nossa cidade já não passa sem ver a carrinha. Mais do que tudo, dá-se o calor do tempo”. Uma voluntária sintetiza ao Correio do Vouga o que a faz passar duas ou três noites por mês no contacto com os sem-abrigo: “Levámos comida e por vezes também uma roupa ou um calçado. Às vezes vêm ter connosco molhados e com frio. Se todos fizermos um bocadinho, já se sente a diferença. Hoje damos, amanhã podemos ser nós ou um filho ou um conhecido a precisar”


J.P.F.

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